No histórico domingo 15 de março de 2015, 10% da população de Londrina, umas 30 mil pessoas, tomaram a praça principal da cidade para manifestar a vontade por um Brasil melhor, mais honesto, mais produtivo, sem corrupção. Na segunda-feira (16) o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) prendeu Luiz Abi Antoun, um primo-irmão do governador do Paraná, Beto Richa (PSDB). Ontem (20), prendeu fiscais da receita estadual, um policial civil um contador e empresários que o Ministério Público classificou de testas de ferro de um esquema de assalto aos cofres públicos, extorquindo empresas, via sonegação de impostos.
Não se trata de mais uma ação da famosa Operação Lava Jato, que fez até o juiz Sérgio Fernando Moro receber, recentemente, o prêmio "Faz a Diferença" dado pelo jornal O Globo. A ação pesada do Gaeco de Londrina faz parte de duas operações (Publicano e Voldemort) que podem se interligar por graves indícios de crimes de pedofilia, envolvendo gente politicamente graúda no Paraná, metida em falcatruas com o fisco estadual. Caso não seja abafado - e a pressão da opinião pública não deve permitir que aconteça -, este promete ser um dos maiores escândalos de corrupção e safadeza no Brasil.
Um dos investigados pelo Gaeco é o ex-Inspetor Geral de Fiscalização do Paraná, Márcio de Albuquerque Lima, cujo escritório, em Curitiba, foi vasculhado pelo Gaeco no começo do mês. Albuquerque Lima é companheiro de equipe do governador Beto Richa (PSDB) no automobilismo. Eles correram juntos na prova das 500 milhas de Londrina, em dezembro do ano passado. Albuquerque foi alçado ao pódio da Delegacia da Receita na cidade para o cargo de inspetor no segundo semestre do ano passado. Foi exonerado três dias antes do Gaeco cumprir o mandado de busca no seu escritório.
O caso de combate à corrupção na área fiscal no Paraná, e a Operação Lava Jato, que é presidida a partir da 13a Vara Federal em Curitiba, deixa uma incômoda pergunta no ar: Será que é só por lá que o Judiciário, o Ministério Público e os Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado funcionam? Outra indagação de resposta fácil: Será que no resto do Brasil, onde tem judiciário, MP e Gaecos, não acontecem delitos semelhantes e que permanecem impunes ou sem conhecimento do grande público? Pode perguntar mais: Será que o aumento da pressão popular vai forçar a abertura de novas investigações, em bases públicas, transparentes e legais, sem rigores seletivos para punir inimigos e poupar "aliados" de políticos corruptos?
Sem dúvida, a próxima gigantesca manifestação popular, marcada para 12 de abril nas ruas de todo o País, deve chamar a atenção e cobrar das autoridades, pontualmente, casos de corrupção que precisam ser investigados e elucidados, com punição rigorosa dos bandidos, e uma luta incessante para que seja devolvido aos cofres públicos tudo que foi por eles roubado nas negociatas.
O negócio é bem simples. Sem pressão popular legítima, e sem imprensa livre para colaborar com a vontade popular, não é possível construir uma Democracia de Verdade. Por isso, povo e mídia têm de pressionar as autoridades para que cumpram o dever para o qual são pagas pelo cidadão-eleitor-contribuinte.
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